13 de maio de 2010

Entrevista com Osmar Dias. "Sou pré-candidato a Governador."

André Gonçalves da Gazeta do Povo
Entrevista com Osmar Dias, senador e pré-candidato ao governo estadual pelo PDT.
Brasília – A última tentativa de selar uma aliança entre PT e PDT para sustentar a candidatura a governador do Paraná de Osmar Dias deve ocorrer hoje em Brasília. O senador espera por uma reunião com o presidente nacional petista, José Eduardo Dutra, que ainda não havia sido confirmada até ontem à noite.
Enquanto a negociação com o partido do presidente Lula se dilui, aumenta o assédio do PSDB. Ontem, o pré-candidato a presidente tucano, José Serra, elogiou abertamente Osmar durante entrevista ao Programado Ratinho, no SBT.
A tentativa se soma ao convite formalizado pelo partido anteontem para que Osmar desista de concorrer ao governo para disputar a reeleição no Senado. Em entrevista à Gazeta do Povo, no entanto, Osmar garante que não está indeciso e que é candidato a governador.
“Talvez eu seja o político mais sincero que existe no Brasil e porisso eu sou confundido. As pessoas confundem a sinceridade que eutenho com indefinição. Eu não estou indeciso”, disse ontem, após umnovo dia de especulações sobre sua indefinição.
Hoje o senhor é candidato a qual cargo?
A governador.
Sem dúvida?
Sem dúvida.
Então toda essa indefinição que envolve o futuro do senhor é só boato?
Não. É um processo natural de quem está tendo dificuldades para fazeruma aliança. Talvez eu seja o político mais sincero que existe noBrasil e por isso eu sou confundido. As pessoas confundem asinceridade que eu tenho com indefinição. Eu não estou indeciso. Se eutiver uma aliança estruturada politicamente para a disputa, mantenho acandidatura. Se não, meus próprios companheiros haverão de reconhecerque não há possibilidades. Mas eu estou recebendo apoio no sentido deque há, sim, possibilidades.
O que o senhor achou da proposta que recebeu do PSDB?
A proposta do PSDB é bem interessante porque convida o PDT paraparticipar da chapa majoritária. Eu fiquei até feliz. Não ficou clarose eu posso ser o candidato a governador. Isso deixou uma aberturapara a gente conversar.
Qual é a diferença nas negociações com o PT e o PSDB?
A diferença é que a do PSDB existe, a do PT, não.
Não existe? Então não existe a proposta do PT para que o senhor sejacandidato a governador e Gleisi Hoffmann a senadora?
Existe uma proposta que foi feita verbalmente, repetida muitas vezes emudadas muitas vezes. Quem fez uma proposta fui eu, depois que eles meprocuraram. Mas eles não aceitaram e a negociação com o PT foiencerrada por esse motivo.
O que emperra o acordo com o PT é só a exigência de Gleisi Hoffmanncomo candidata ao Senado?
A candidatura da Gleisi a vice-go­­­vernadora abriria a possibilidadede uma chapa com o PMDB, com o PP, e outros partidos que viriam pelaforça dessa coligação. Eles seriam aglutinados em uma chapa vencedora.Mas é importante ficar claro: eu nunca culpei o PT nessa história. Sóacho que os objetivos do PT não são os mesmos do PDT. O PDT quereleger o governador. O PT quer eleger uma senadora e só.
O senhor sempre diz que o PT do Paraná não trabalha, ou trabalhapouco, pela candidatura a presidente de Dilma Rousseff. É isso mesmo oque o senhor pensa?
Essa não é uma opinião minha. É uma opinião unânime dos políticos queestão acompanhando o processo no Paraná.
O senhor também fala que o PT havia se comprometido a trazer para oParaná uma aliança com os partidos da base aliada ao governo Lula. Masnão é uma missão quase impossível fazer uma chapa com o PMDB doex-governador Roberto Requião, rival do senhor na eleição de 2006 eque vive brigando com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo?
Por essa sua lógica eu tenho que fechar logo uma aliança com o PSDB. OPSDB esteve comigo no segundo turno em 2006 e eu estive com eles em2004 e 2008. A aliança natural é com o PSDB. Se eu não posso fazeraliança com quem eu fui adversário, então a gente tem de voltar aobipartidarismo. Eu acho até que deveria voltar para esse sistema.Tenho saudades daquele tempo, não tinha tanta trairagem como tem hoje.
Qual é a diferença da indefinição que o senhor teve na candidatura agovernador em 2006 e agora?
Em 2006, eu tive um problema de saúde, que me fez retardar o anúncioda minha candidatura. Tenho responsabilidade, não acho que sergovernador é um projeto pessoal. É um projeto coletivo. No momento emque as pessoas que me apoiavam aceitaram que eu fosse candidatonaquelas condições, eu fui para a luta. E enfrentei o governadorRequião. Ninguém pode me acusar de ser indeciso. Hoje não háindecisão, há uma aliança complicada. Tenho mais dificuldades emconstruir alianças devido ao lado em que o PDT se posicionou no camponacional. Como eu sempre tive um histórico junto com o PSDB, o PPS, oDEM, essa posição nacional me colocou em uma situação de contradiçãono estado. A dificuldade que eu ti­­­­ve de firmar uma aliança com oPT tem a ver com essa questão histórica. Nós nunca estivemos juntos. OPT sempre foi meu adversário. Um processo de aliança nesse caso não éfácil. Acho que a gente pode colocar a responsabilidade na história decada partido. Eu sempre disse: para fazer uma aliança com o PT,deveríamos remover os nossos obstáculos históricos. Quando eu assineia CPI do MST, parte do PT se revoltou. Como eu me revoltei quando aDilma não quis assinar um documento condenando a invasão depropriedade privada.
Como foi a conversa do senhor hoje com o presidente nacional do PDT,Carlos Lupi?
Tivemos um almoço e eu relatei a ele o cenário político do Paraná e asdificuldades da aliança com o PT. Ele sabia um pouco disso porque eujá havia ficado contra a entrada do PDT no governo federal, prevendomeus problemas em me relacionar com o PT no Paraná. Deixei claro que osonho dele de ver a aliança nacional no Paraná é muito difícil. Ospartidos já estão se definindo, como o PP, que foi base do governo otempo inteiro aqui Brasília, indicou o vice-líder na Câmara (odeputado paranaense Ricardo Barros). Ele teve os benefícios dessavice-liderança e hoje está fechado com o candidato do PSDB agovernador. Não houve nenhuma preocupação do PT de chamar essevice-líder para conversar e também não houve preocupação dessevice-líder em continuar a mes­­­ma trajetória. Ele era da base, masnão vai apoiar o candidato do governo. É uma posição política que eunão consigo adotar. Aqui em Brasília eu sempre fui leal, votei com ogoverno, mas a minha posição no Paraná sempre foi outra.
E as conversas com o candidato do PSDB a presidente, José Serra?
Ele me liga sempre. Me ligou no meu aniversário [segunda-feira]. Fez oconvite para estarmos juntos, disse que não consegue me enxergarfazendo campanha contra ele. Disse que me considera um amigo. Hoje[ontem] ele me ligou de novo e repetiu tudo isso. Também disse queestaria no Programa do Ratinho e que falaria sobre mim. Como vocês[jornalistas] não me deixam ver o programa, eu não sei o que ele vaidizer a meu respeito, mas com certeza vai falar bem. [20 minutosdepois da entrevista, Serra elogiou os conhecimentos de Osmar sobreagricultura no programa e disse que se aconselha sobre o tema com oparanaense.]
O senhor tem uma reunião com o presidente nacional do PT, José EduardoDutra. Tem alguma chan­­­­­ce de haver alguma reviravolta nessanegociação com os petistas?
O acesso ao presidente do PT tem sido muito difícil. Ele marcou comigouma reunião, mas não marcou horário nem local. Eu espero que aindahoje [ontem], antes das 22 horas, ele me passe os detalhes. Assim ficadifícil se entender.

Um comentário:

Anônimo disse...

Realmente a sinceridade de uma pessoa as vezes não são cimpreendidas.
Mas que saibam de uma coisa o Senador Osmar Dias tem uma das principais coligação, coligação esta omologada em 2006 com a maioria dos eleitores e o povo do Parana,é verdade precisamos ter o maximo possivel de partidos coligados para esta dispusta ao governo do parana, se observarmos que no segundo turno o tempo de programa sera igual entre os dois que ficar para o segundo turno, poderai eu dizer que ´so perderemos as eleições se não vestirmos a camisa com muito amor ao Parana.
Nenha quem vier estaremos aguardando quem nos enfrentar no segundo turno, pois em 2006 mesmo sem ter as condições minimas eles diziam que não chegariamos nem no segundo turno, olha que na verdade quem ganhou a parada foi o senador Osmar Dias qual tem café no bule.
Resto é baléla.